Para abrir as atividades do segundo semestre de 2017, o MIRE realizou o 1º Seminário Temas Contemporâneos em Mídias, Religião e Cultura “Religião, Política e Ativismo Digital”, em 21 de agosto.
A programação da manhã incluiu a conferência, que foi também Aula Magna do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Metodista, "Democracia e Mídias Sociais", com o Prof. Wilson Gomes (UFBA). O docente da Universidade Federal da Bahia falou sobre Democracia e Mídias Sociais, abordando a atuação de grupos mobilizados na internet. O professor afirma que dois movimentos conservadores agem nas redes: o ‘antipetismo’ e o ‘trumpismo à brasileira’, que se manifestam como um ódio aos partidos de esquerda, aos direitos humanos, à discussão de gênero e se movimentam pedindo o retorno da Ditadura Militar.
“Em meu levantamento, vi que esse é um movimento de jovens, pessoas com 30 anos ou um pouco mais, que não viveram a Ditadura. Temos a primeira geração de brasileiros que não viveu uma Ditadura autoritária, mas é uma juventude autoritária”, comenta. Pesquisando, também, algumas expressões agressivas na internet, analisa que algumas atitudes só podem ser explicadas considerando a teoria de ambiente social, que permite certos comportamentos aos usuários.
“Os ambientes sociais são forças de constrangimento ou reconhecimento social, quanto mais o indivíduo é recompensado por certo comportamento, mais extremo se torna. Por que as pessoas se sentem à vontade para atacar outras nas redes? Porque os ambientes sociais on-line permitem isso. Diferente da vida, eles podem ser personalizados. As decisões de seguir ou deixar de seguir alguém, por exemplo, criam grupos por afinidade, as chamadas bolhas”, explica.
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A coordenadora do POSCOM Metodista Profa. Marli dos Santos (esq)
coordenou a conferência/Aula Magna ministrada pelo Prof. Wilson Gomes |
Além dessas bolhas, Gomes chama a atenção aos ‘hubs’ que compartilham dessas opiniões. Blogueiros, personalidades famosas, políticos, religiosos e ativistas que postam conteúdo de ódio e alcançam grandes números nas redes sociais. “É um ativismo digital para atacar o direito dos outros e há um eco desse discurso de ódio. O Trump, por exemplo, é um ativista social, é um Obama por outro lado, porque se articula pelas redes”, comenta.
E para rebater essa onda de ódio, Gomes convida professores e pesquisadores a participar das redes: “precisamos de intelectuais públicos, atuando na esfera pública e digital, porque outros já estão ocupando esse espaço”. Você pode conferir a confêrencia completa
aqui.
Ao final da conferência a coordenadora do MIRE Profa. Magali Cunha (foto, à dir) apresentou sua obra
“Do Púlpito às Mídias Sociais: Evangélicos na política e ativismo digital”, já introduzindo a programação da tarde.
Na parte da tarde, os participantes puderam conhecer como atuam três ativistas evangélicos nas mídias sociais no painel Ativismo evangélico progressista e as mídias digitais. O pastor José Barbosa Júnior, a jornalista Nilza Valéria Zacarias (Frente Evangélica pelo Estado de Direito) e a Profa. Valéria Vilhena (Evangélicas pela Igualdade de Gênero) apresentaram depoimentos sobre suas ações políticas pelas mídias. Ao final o Prof. Sérgio Amadeu da Silveira (UFABC) teceu comentários e elencou os desafios para este tipo de prática.
O seminário inaugurou a série que deve ser realizada pelo MIRE a cada semestre. O próximo, no primeiro semestre 2018, trará a temática de Gênero.
Fonte principal: Portal Metodista